A Micron Technology anunciou nesta quarta-feira (3) que deixará o mercado de memórias voltadas ao consumidor final a partir de 2026. Essa decisão marca o fim das operações da marca Crucial, que atuou por 29 anos na venda de memória RAM e SSDs para o varejo.
A mudança estratégica foi justificada pela empresa com a necessidade de realocar recursos visando atender à crescente demanda por componentes para data centers que trabalham com inteligência artificial. O rápido desenvolvimento de novas infraestruturas para processamento de dados resultou em uma procura sem precedentes por memória de alta largura de banda (HBM), fundamental para chips de IA de empresas como Nvidia e AMD.
Dados do setor indicam que o projeto de supercomputador Stargate, desenvolvido pela OpenAI, poderá consumir até 40% da produção global de memórias, comprometendo a capacidade industrial que tradicionalmente abastecia o mercado de PCs domésticos.
“O crescimento impulsionado pela IA nos data centers levou a um aumento na demanda por memória e armazenamento. A Micron tomou a difícil decisão de sair da divisão de produtos de consumo da Crucial para melhorar o fornecimento e o suporte aos nossos maiores clientes estratégicos em segmentos de crescimento mais rápido,” disse Sumit Sadana, vice-presidente executivo e diretor de negócios da Micron.
Em um comunicado oficial, a Micron informou que continuará fornecendo produtos da marca Crucial para distribuidores e varejistas até fevereiro de 2026. A empresa garantiu que honrará todas as garantias dos produtos já comercializados e que trabalhará com seus parceiros durante o período de transição. Os funcionários afetados pela desativação da divisão de consumo deverão ser alocados em outras funções.
O anúncio acontece em meio a um cenário de inflação e escassez de componentes. Para o consumidor final, o impacto já é evidente: um kit padrão de 32 GB de memória RAM DDR5, que custava cerca de R$ 850 em agosto de 2025, atualmente é difícil de encontrar por menos de R$ 2.800. Kits de maior capacidade sofreram elevações ainda maiores de preço, tornando os upgrades inviáveis para muitos usuários.
A escassez tem levado outras empresas do setor a medidas drásticas. A fabricante de notebooks modulares Framework, por exemplo, interrompeu a venda de módulos de memória RAM avulsos no final de novembro, garantindo estoque suficiente para seus computadores.
Gerry Chen, gerente geral de memórias do TeamGroup, prevê um futuro desafiador. Segundo ele, a situação pode se agravar no primeiro semestre de 2026, quando os estoques remanescentes nos distribuidores se esgotarão. As restrições de fornecimento devem persistir até o final de 2027.