EUA anunciam tarifa de 50% sobre carne bovina brasileira; setor produtivo teme colapso nas exportações

Escrito em 17/07/2025
Redação

O governo dos Estados Unidos anunciou, no último dia 15 de julho, a imposição de uma tarifa de 50% sobre toda a carne bovina importada do Brasil, com início de vigência previsto para o próximo 1º de agosto. A decisão, comunicada pelo ex-presidente Donald Trump, gerou preocupação imediata em toda a cadeia do agronegócio brasileiro.

Segundo o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Roberto Perosa, a medida torna “impraticável” manter as exportações para o mercado norte-americano, que atualmente representa o segundo maior destino da carne bovina brasileira.

“Temos cerca de 30 mil toneladas de carne bovina já embarcadas ou paradas em portos, avaliadas em aproximadamente US$ 160 milhões. Esse cenário afeta diretamente uma cadeia que emprega cerca de 7 milhões de brasileiros”, afirmou Perosa.

Produção impactada e exportações paralisadas

Frigoríficos instalados no Brasil já iniciaram a suspensão e redirecionamento da produção voltada aos Estados Unidos. O impacto já é percebido nas compras internas de gado, que sofreram desaceleração significativa diante da incerteza sobre o destino da carne estocada.

A empresa Minerva Foods, uma das principais exportadoras do setor, suspendeu temporariamente sua operação dedicada ao mercado americano. A companhia estima que aproximadamente 5% de sua receita anual venha desse destino.

Reação do governo e tratativas diplomáticas

O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que o governo federal está atuando para tentar reverter ou adiar a aplicação da tarifa. O diálogo está sendo conduzido pelos ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), com apoio da equipe diplomática brasileira nos Estados Unidos.

“Estamos buscando entendimento técnico e diplomático com autoridades norte-americanas, diante do forte impacto bilateral que a medida representa”, declarou Alckmin.

Medida é vista como retaliação política

Especialistas em comércio exterior apontam que a decisão faz parte de uma série de tarifas adotadas pelos Estados Unidos contra o Brasil, incluindo produtos como suco de laranja, cafeína e aeronaves. Embora a Casa Branca não tenha confirmado oficialmente os motivos, analistas indicam que a medida tem relação com o posicionamento geopolítico do governo brasileiro em temas sensíveis ao Ocidente.

Preocupações do setor e alternativas limitadas

Embora países como China, Emirados Árabes e Indonésia sejam potenciais substitutos no curto prazo, a escala e previsibilidade dos contratos americanos tornam a substituição difícil para os frigoríficos brasileiros. O temor no setor é de perdas bilionárias e de um efeito cascata em empregos e investimentos no campo.

A Abiec e outras entidades do agronegócio já organizam ações institucionais e jurídicas para mitigar os danos e pressionar por uma negociação mais favorável ao Brasil.

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