Enquanto no Brasil mais da metade das crianças de 9 anos não consegue fazer uma simples subtração, a China está transformando radicalmente o seu sistema educacional. A partir de setembro de 2025, todas as escolas chinesas vão ensinar Inteligência Artificial (IA) como disciplina obrigatória a partir dos 6 anos de idade. A meta? Tornar-se a maior potência tecnológica do mundo — e começar isso desde a sala de aula.
A iniciativa faz parte do plano nacional da China para consolidar sua liderança global em tecnologia e inovação. O novo currículo incluirá no mínimo 8 horas anuais de instrução em IA, abrangendo desde lógica computacional até robótica, aprendizado de máquina e ética digital. As crianças chinesas vão crescer entendendo como funcionam os algoritmos que controlam os aplicativos que usam diariamente — enquanto nossas crianças ainda lutam para entender o que é “meia dúzia”.
A Realidade Dura do Brasil
No Brasil, o contraste é gritante. De acordo com a Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA) e os dados mais recentes do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), 6 em cada 10 crianças brasileiras no 3º ano do ensino fundamental não conseguem resolver problemas simples de matemática. Muitas sequer dominam a leitura adequada para a idade. E, enquanto isso, o debate nacional ainda gira em torno da presença (ou não) de celulares nas salas de aula — como se tecnologia fosse o vilão.
Ou seja: enquanto a China treina engenheiros desde a infância, nós ainda estamos tentando garantir o mínimo de alfabetização matemática.
Por que isso importa?
A inteligência artificial não é mais coisa de filme. Ela já está moldando o mercado de trabalho, transformando profissões e criando novas oportunidades que exigem competências digitais avançadas. Quem não estiver preparado, será apenas consumidor — nunca protagonista.
E a escola é a base dessa preparação.
A China entendeu isso. Tanto que já tem livros didáticos específicos de IA, centros de formação de professores especializados e empresas parceiras que ajudam a implementar robótica e programação desde o ensino fundamental. Pequenos municípios chineses já têm laboratórios de inovação mais bem equipados que muitas universidades brasileiras.
Estamos formando usuários, enquanto eles formam criadores
Enquanto a China prepara crianças para criarem as próximas grandes plataformas tecnológicas, o Brasil continua formando usuários passivos de tecnologia — que consomem o TikTok, mas não entendem o código por trás dele.
Essa desigualdade educacional se tornará, muito em breve, uma desigualdade econômica ainda mais profunda.
E agora, Brasil?
Se quisermos mudar essa realidade, precisamos de ações urgentes e ousadas. Algumas sugestões:
Tecnologia no currículo básico, com foco em pensamento computacional, lógica e IA.
Capacitação de professores, com formação contínua em ferramentas digitais e metodologias inovadoras.
Parcerias público-privadas para acelerar a transformação digital nas escolas.
Criação de metas nacionais para a alfabetização matemática e digital, com cobrança de resultados e incentivos.
O mundo está mudando em velocidade exponencial. A pergunta que fica é: vamos continuar assistindo de camarote ou vamos preparar nossas crianças para sentar na primeira fila da inovação?
Enquanto a China já ensina IA nas escolas, o Brasil precisa decidir se vai seguir empurrando com a barriga ou finalmente dar um passo ousado rumo ao futuro.