A China anunciou nesta semana uma nova restrição na exportação de tecnologias relacionadas à produção de baterias de íons de lítio e outros componentes estratégicos utilizados em carros elétricos. A medida foi publicada oficialmente pelo Ministério do Comércio e entra em vigor ainda neste semestre.
De acordo com o governo chinês, a decisão visa “proteger a segurança nacional e tecnológica”, em meio à crescente tensão geopolítica com países do Ocidente e à corrida mundial por protagonismo na mobilidade elétrica.
A nova regra exige que empresas chinesas solicitem autorização especial antes de exportar tecnologias ligadas a baterias de alto desempenho, como aquelas com densidade energética elevada, maior durabilidade e carregamento ultrarrápido — componentes que atualmente colocam a China na liderança global do setor.
A medida impacta diretamente montadoras e empresas de tecnologia que dependem da engenharia chinesa para fabricar veículos elétricos competitivos. Fabricantes europeus e americanos, que vinham tentando acelerar sua transição energética, agora enfrentam mais um desafio no acesso a tecnologias essenciais.
O Brasil também pode sentir os efeitos. Apesar de ainda estar em estágio inicial na produção de veículos elétricos, o país importa parte significativa dos insumos utilizados em projetos nacionais de eletrificação. Montadoras instaladas no país, como BYD, Volkswagen e GWM, acompanham com atenção os desdobramentos.
Especialistas do setor automotivo avaliam que a decisão da China é estratégica e pode ser usada como ferramenta de barganha em acordos comerciais. “A tecnologia de baterias virou o novo petróleo. Quem detém esse conhecimento, tem poder”, afirmou o analista econômico Daniel Gontijo, em entrevista à imprensa internacional.
A China é responsável por mais de 75% da produção global de baterias para veículos elétricos e abriga as maiores fabricantes do mundo, como CATL e BYD. Nos últimos anos, Pequim investiu pesado em inovação e controle da cadeia produtiva — do lítio bruto à célula final.
Em resposta à medida, os Estados Unidos já sinalizaram que podem acelerar incentivos para estimular o desenvolvimento interno de tecnologias limpas e reduzir a dependência de fornecedores asiáticos.
Aumento no custo das baterias e, consequentemente, dos carros elétricos.
Atraso na produção de novos modelos elétricos em alguns mercados.
Corrida por inovação local e parcerias alternativas (América Latina, África, Índia).
Reforço da importância de políticas industriais para veículos elétricos fora da Ásia.