O café brasileiro pode continuar fora da lista de isenção tarifária dos Estados Unidos, mesmo com a inclusão confirmada pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) em uma lista de potenciais exceções. A decisão ocorre após a imposição de tarifas contra exportações brasileiras pelo governo norte-americano, efetivada em agosto.
A ordem assinada pelo presidente Donald Trump, publicada na sexta-feira (5), não menciona o café, mas estabelece condições para a redução das tarifas sobre produtos considerados estratégicos. É necessário que haja compromissos em acordos comerciais e que os itens atendam aos ‘interesses nacionais’ dos EUA.
Trump também acrescenta que os produtos isentados não podem ser cultivados ou produzidos em quantidade suficiente nos Estados Unidos. O café se encaixa nessa categoria, mas ainda não há definições sobre quais países serão beneficiados.
O Cecafé, que reconhece a importância do grão na lista master de possíveis isenções, planeja levar a questão ao Comitê Interministerial de Gestão da Crise do Tarifaço, sob a liderança do vice-presidente Geraldo Alckmin. Representantes do setor produtivo e da indústria já estiveram em Washington buscando um acordo.
Marcos Matos, diretor-geral do Cecafé, ressaltou nas redes sociais a continuidade das negociações e o foco em informar o comitê sobre os avanços.
Entretanto, o consultor em agronegócios Carlos Cogo alerta para a falta de menção explícita sobre o café, indicando que não está claro se as tarifas sobre o produto de outros países serão reduzidas. Ele sugere que uma eventual redução poderia beneficiar o abastecimento do mercado norte-americano, mas a longo prazo poderia impactar negativamente os preços pagos no Brasil.
Cogo ressalta ainda que, sem um canal diplomático aberto, as negociações para o café brasileiro dependem exclusivamente das conversas entre os setores privados de ambos os países.