Mato Grosso tem se destacado como um dos estados brasileiros com maior elevação nas temperaturas nas últimas décadas. De acordo com dados do MapBiomas, o estado apresentou um aumento médio de 0,35ºC por década, acima da média nacional de 0,29ºC. Desde 1985, isso representa uma elevação total de quase 1,5ºC na temperatura média.
Especialistas atribuem o fenômeno principalmente ao desmatamento e à formação de ilhas de calor urbanas, fatores que intensificam o aquecimento regional.
O relatório, divulgado na quarta-feira (5), marcou o lançamento da plataforma MapBiomas Atmosfera, ferramenta voltada à análise dos impactos das mudanças climáticas e à formulação de políticas públicas baseadas em evidências científicas. A nova plataforma utiliza imagens de satélite e modelagem climática para mapear variações de temperatura, níveis de poluição, umidade do solo e outros indicadores ambientais.
Entre os biomas analisados entre 1985 e 2024, o estudo revelou que:
Pantanal: aumento médio de 0,47ºC por década;
Cerrado: 0,31ºC por década;
Amazônia: manteve média estável de 0,29ºC por década.
Segundo Julia Shimbo, coordenadora científica do MapBiomas, “a temperatura está aumentando em todo o Brasil, mas com disparidades regionais significativas, principalmente nos estados mais continentais como Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Piauí”.
O relatório também alerta que, desde 2014, as temperaturas médias no país permanecem acima dos valores históricos, atingindo em 2024 um pico de 1,2ºC acima da média. Desde 2019, praticamente todos os biomas registram anomalias superiores a 1ºC, com destaque para o Pantanal, que chegou a 1,8ºC acima da média.
Em 2024, o bioma pantaneiro também enfrentou uma redução de 314 mm nas chuvas e 205 dias consecutivos sem precipitação, configurando um dos períodos mais secos e quentes já registrados. No cenário geral, 2024 foi um dos anos mais quentes da história do Brasil, com temperaturas variando entre 0,3ºC e 2ºC acima da média em todos os estados.
